Queimaduras solares ocorrem após a morte das células da pele, provocada pelos raios ultravioleta, que são capazes de danificar o DNA e aumentar o risco de câncer
Por Danielle Sanches, da Agência Einstein
Cuidar com o tempo de exposição ao sol é uma recomendação conhecida, mas nem sempre cumprida durante o verão. Embora o que seja considerado um “excesso” varie entre as pessoas, as consequências do torrão atingem a todas, sendo o câncer de pele o risco principal.
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Mas, uma vez que o estrago for feito, o que fazer? As atitudes, de acordo com Renato Pazzini, dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), devem se adaptar ao tipo de queimadura.
No caso das lesões mais superficiais (com vermelhidão e ardência), é importante resfriar a pele no período pós-sol, segundo o especialista. Banhos frios e compressas geladas feitas com soro fisiológico e até chá de camomila ajudam a aliviar a ardência.
Hidratar a pele também é importante. Para isso, pode-se optar por cremes hidratantes ou produtos em gel específicos para esse uso. “Os dois têm efeito semelhante, mas o gel é menos pegajoso e fácil de aplicar, sendo mais confortável na hora de espalhar pela área afetada”, explica Pazzini. Geralmente, esse tipo de lesão apresenta melhora entre quatro a seis dias.
Se a queimadura, ainda que superficial, for muito extensa e vier acompanhada de dor intensa, febre e sintomas de desidratação, é importante buscar ajuda médica e tratamento adequado. O mesmo vale para uma queimadura de segundo grau com a presença de bolhas. “Recomenda-se não estourar as bolhas, pois elas são um curativo natural da pele que impede a infecção por bactérias”, alerta o especialista. No caso das lesões de segundo grau, a recuperação demora mais e pode chegar a 20 dias.
Quando a pele começar a descascar, não se deve puxá-la, nem fazer uma esfoliação. A medida é importante para evitar que se forme algum machucado no local, que seja porta de entrada de microrganismos.
Cuidado com as receitas caseiras
Aplicar o gel extraído das folhas de babosa é seguro e pode ajudar na hidratação da pele queimada, mas misturas caseiras devem ser evitadas. É o exemplo da pasta de maisena gelada. Ao secar, ela pode agravar o quadro ou provocar feridas. Dos demais cuidados, vale aumentar a ingestão de água para reforçar a hidratação, e usar analgésicos orais para aliviar a dor.
Risco principal: câncer de pele
As queimaduras solares são lesões que ocorrem após a morte das células da pele, provocadas pelos raios ultravioleta, que são capazes de danificar diretamente o DNA celular. “Quanto mais exposição, maior será o número de células mortas”, explica Pazzini, que também é membro do Corpo Clínico dos Hospitais Albert Einstein e Oswaldo Cruz, em São Paulo.
Com isso, o tecido sofre com um processo inflamatório que provoca vermelhidão e bastante incômodo. As lesões provocadas na pele variam: podem ir desde vermelhidão e ardência (queimaduras de primeiro grau) até bolhas e feridas, edema, ou inchaço, e dor intensa (queimaduras de segundo grau).
Além de acelerar o processo de envelhecimento da pele, esse excesso de sol — independentemente de quando acontecer ao longo da vida — também aumenta o risco de o indivíduo desenvolver câncer de pele. Em um estudo publicado no periódico científico Cancer Epidemiology, Biomakers & Prevention, pesquisadores norte-americanos acompanharam mais de 100 mil mulheres e notaram que aquelas que sofreram queimaduras com bolhas na adolescência tinham mais risco de desenvolver melanoma — um dos tipos mais graves de câncer de pele. Mesmo a exposição sem queimaduras, mas diária, aumentou o risco para carcinoma, outro tipo da doença.
De acordo com Pazzini, o que é considerado “excesso” varia entre as pessoas está relacionado principalmente à cor da pele e à habilidade do tecido de cada um em se defender naturalmente do sol. Nesse sentido, vale lembrar que as peles negras, que naturalmente possuem mais melanina e, portanto, uma proteção maior, não estão 100% imunes e podem sofrer com as queimaduras. “Os sintomas de queimadura são os mesmos, ou seja, vermelhidão e formação de bolhas”, afirma o especialista.
Formas de prevenção
A melhor forma de prevenir a queimadura solar é evitar se expor entre os horários em que a incidência de raios ultravioletas está mais alta, geralmente das 10h às 16h. A Sociedade Brasileira de Dermatologia também recomenda o uso de protetor solar com FPS (fator de proteção solar) maior que 50, com reaplicação a cada duas horas, além do uso de roupas com proteção UV, chapéus e óculos.
Populares na internet, as receitas caseiras para se bronzear estão proibidas por oferecerem alto risco de queimadura. “Muitas vezes, esses bronzeadores caseiros têm óleos para intensificar a ação do sol e provocam bolhas e manchas”, avisa o dermatologista.
(Fonte: Agência Einstein)
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