Endometriose pode ir além do útero e cirurgia não garante cura completa

Endometriose pode ir além do útero e cirurgia não garante cura completa
Endometriose pode ir além do útero e cirurgia não garante cura completa. Foto: pexels

Mesmo com a alta do assunto endometriose, após o diagnóstico da cantora Anitta, a doença segue envolta de dúvidas e desinformação. E ao contrário do que muitas mulheres imaginam, a condição pode ser assintomática ou até mesmo acometer diferentes regiões do corpo, não se caracterizando somente pelas cólicas menstruais.

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Bernardo Portugal Lasmar, ginecologista especialista no assunto, médico da Clínica Ginendo e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade Estácio de Sá, explica que, embora a doença tenha relação com a menstruação, pode ir além dos ovários e do útero.

A endometriose acontece quando o tecido endometrial, que reveste a cavidade uterina — e descama durante a menstruação —, se desenvolve fora do órgão. Sendo assim, independentemente da região localizado, irá responder aos estímulos dos hormônios ovarianos.

“Toda vez que a mulher menstruar, esse foco de endometriose também vai descamar, vai sangrar nessa região, causando irritação, inflamação e dor. Com tempo, de forma cíclica, isso vai causando uma alteração, endurecimento nas estruturas, uma cicatrização que chamamos de fibrose, e pode começar atrapalhar o funcionamento do órgão [em que está localizado]”, detalha.

Endometriose pode acometer todo o corpo; sinais merecem atenção

Segundo o especialista, a endometriose “pode acometer a maior parte do corpo, incluindo intestino, diafragma, cérebro e pulmão”. Portanto, “a queixa da paciente está associada ao local da doença, e assim se começa a investigação diagnóstica”, pondera o médico.

Os sinais da endometriose podem ser quaisquer desconfortos que a mulher tenha associados ao período menstrual. O ginecologista destaca que “falar só em cólica menstrual estaria diminuindo muito a doença, porque a paciente pode ter uma dor do lado esquerdo ou direito da barriga, na coxa, na região lombar ou até mesmo no ombro”.

No decorrer do tempo, a irritação crônica pode se infiltrar nas partes nervosas do organismo, resultando em dores contínuas, geralmente intensificadas no período menstrual. 

“Também pode haver sangramento em outras regiões do corpo no período menstrual.” Para exemplificar, o médico lista alguns tipos de endometriose e seus sintomas comuns além da dor: endometriose umbilical — sangramento no umbigo; endometriose no pulmão — sangue na via área e ao tossir; endometriose no intestino — sangue ao evacuar; e endometriose na bexiga — sangue ao urinar.

Tratamentos e cirurgia

É imprescindível consultar um ginecologista e detalhar todas as queixas, para que o profissional possa associá-las e, a partir de anamnese e exame físico, indicar o melhor tratamento para a paciente, respeitando suas vontades e especificidades.

Não há cura para a endometriose, nem mesmo medicamentos específicos, visto que ainda falta compreensão da ciência sobre a causa e origem da doença. Contudo, é possível controlá-la, tratando sua consequência: a menstruação.
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A partir de tratamentos medicamentosos, “a ideia é bloquear a menstruação com hormônios”, explica o especialista. No entanto, essa alternativa pode ser um empecilho para quem deseja engravidar.

A segunda opção é a cirurgia de endometriose, que visa remover os focos da doença pelo corpo. Contudo, deve ser realizada por um profissional experiente, para não haver comprometimento dos órgãos afetados, nem a necessidade de refazer o procedimento.

Bernardo indica a cirurgia para mulheres que desejam engravidar, pacientes que não têm resposta contra dor com o uso de medicamentos hormonais ou em casos de comprometimento de algum órgão nobre, como obstrução do intestino e dos rins — o que pode acontecer, também, em pacientes assintomáticas.

Mesmo após realizar o procedimento cirúrgico, é indispensável o acompanhamento médico e o uso de hormônios para diminuir a chance de recorrência da doença. Além disso, outras alternativas podem ajudar a controlar os sintomas; o ginecologista lista: acupuntura, fisioterapia pélvica, dieta anti-inflamatória e redução no consumo de carne vermelha.

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