A recomendação pelo consumo diário de dois litros de água é antiga e, com certeza, você já deve tê-la seguido no seu dia a dia. Além dela, a “regra 8×8”, que inclui a ingestão de oito copos de 240 ml de água diariamente, também é usada até hoje para determinar a quantidade ideal da bebida.
Esta última foi elaborada pelo Comitê de Nutrição e Alimentos do Conselho Nacional dos EUA na década de 1940. No entanto, não há respaldo científico. Na época, o órgão aconselhou que adultos bebessem um mililitro do líquido para cada caloria de alimento.
Para Andrea Pio, nefrologista e diretora da secretária geral da Sociedade Brasileira de Nefrologia, o grande erro desta recomendação é pressupor que todas as pessoas são iguais e mantêm os mesmos estilos de vida.
Para a especialista, o mais importante é se atentar à cor da urina. “O sinal de alerta no consumo de água é checar a cor da urina. Ela dará o indicativo se a pessoa está consumindo a quantidade de água necessária ou não. O ideal é ser transparente ou amarelo bem claro”, afirma.
Outro ponto que deve ser levado em consideração é a condição climática. Pessoas que vivem em regiões mais quentes, por exemplo, consomem mais água e sentem mais sede ao longo do dia. Por isso não existe uma recomendação oficial sobre a quantidade de água que devemos ingerir diariamente.
Porém, caso a pessoa queira seguir uma orientação, a especialista recomenda uma indicação média de 35 ml por quilo. Com este número, um indivíduo que pesa 70 kg precisaria de um pouco mais de 2,4 litros de água por dia.
Além da água, bebidas como chás naturais também ajudam na hidratação do organismo e devem entrar na conta do consumo de líquidos diários. Não é aconselhado bebidas ricas em sódio ou industrializadas.
Sede é sinal de alerta
Ficar com a boca seca frequentemente já é indício de desidratação e indica uma rotina errada no consumo de água. Segundo os especialistas, isso é mais comum na terceira idade e na infância. “Idosos e crianças acabam se desidratando porque esquecem de beber água no dia dia”, afirma Decio Mion, nefrologista , professor livre docente pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
O pouco consumo da bebida ocorre devido à alteração no centro regulador da sede, que fica no cérebro. Como não está bem desenvolvido nas crianças e nos idosos já está em processo de envelhecimento, a ativação, nesses públicos, está prejudicada. Por isso os responsáveis devem ficar atentos e tornar hábito o consumo de água no dia a dia, principalmente nestas faixas etárias.
Água em excesso faz mal?
Seguir recomendações básicas são suficientes para evitar desidratação e outros problemas devido à falta de água.
Vale lembrar que o consumo em excesso do líquido também pode fazer mal à saúde, gerando uma intoxicação hídrica. “É mais raro, mas pode acontecer. É preciso que a pessoa tome, pelo menos, uns seis a sete litros de água por dia”, afirma Mion.
Em casos muito específicos, a ingestão de água necessária deve ser orientada pelo médico, já que alguns pacientes apresentam limitação no consumo. “Pessoas que têm doença crônica renal avançada e insuficiência cardíaca congestiva, por exemplo, precisam de uma avaliação individualizada sobre a quantidade de água a ser ingerida”, finaliza Andrea Pio.