No Brasil, o canabidiol é um tema que sempre traz divergências de opiniões, porém, as suas propriedades terapêuticas na odontologia, ja são notadas, de acordo com o dentista Mauro Macedo, membro da Academia Brasileira de Odontologia.
Segundo o profissional, a canabisterapia vem crescendo no campo da abordagem de patologias de difícil tratamento na odontologia.
Já existem diversos fármacos para controle da dor e da inflamação, porém, segundo ressalta o dentista, essas classes farmacológicas causam efeitos colaterais que, muitas vezes, não são bem suportados pelo organismo dos pacientes, principalmente, pelo fígado e pelos rins.
As propriedades medicinais do cannabis
A Cannabis sativa (maconha) é uma planta que vem sendo estudada há séculos por suas
propriedades medicinais. Existem mais de 100 tipos de canabinoides, dois deles são de grande relevância na medicina: o tetrahidrocanabidiol (THC), responsáveis pelos efeitos psicotrópicos, e o canabidiol (CBD), que não contém reação psicoativa.
Compostos medicinais da Cannabis têm sido utilizados na odontologia, de acordo com o especialista, para tratar distúrbios temporo-mandibulares (DTM), que são distúrbios nas articulações da mandíbula.
“É comum que, as pessoas acometidas com esses distúrbios, apresentem dores de cabeça e sensibilidade dolorosa nos músculos da mastigação. Também há quem ouça sons de cliques ou estalos nas articulações da mandíbula, próximo do ouvido. O tratamento tradicional envolve medidas de autoajuda (pois há comprometimentos psicológicos associados), terapias com aparelhos orais (placas) e analgésicos para alívio da dor”, explicou Mauro, à IstoÉ.
“Essas polimedicações, prescritas para controle da dor, possuem um poder altamente viciante, com efeitos colaterais desagradáveis. Logo, os compostos da Cannabis medicinal, como CBD e THC são excelentes aliados no tratamento da DTM, agindo na dor e no componente psicológico quase sem efeitos colaterais maléficos, por se tratar de um composto natural”, garantiu o profissional.
Segundo Mauro Macedo, o CBD é um agente anti-inflamatório, analgésico, ansiolítico, antimicrobiano e anticâncer, e como resultado, pode ter potencial terapêutico contra doenças como a síndrome da
boca ardente, ansiedade odontológica, gengivite, bruxismo e, até mesmo, o câncer oral.
A aplicação do Cannabis, diz ele, age no autocontrole do sistema imunológico, evitando a proliferação de células do tipo tumorais e pró-apoptóticas do câncer.
“Em outros estudos, foi comprovado que, na doença periodontal, o emprego de 5 mg/kg de CBD foi suficiente para diminuir a reabsorção óssea causada. O CBD é uma opção terapêutica também da mucosite oral quimio e/ou radioinduzida, considerando seu grande potencial anti-inflamatório e analgésico”, comentou.
Um estudo de 2022, publicado na Revista da Faculdade de Odontologia da Universidade de Buenos Aires, citado pelo especialista, mostrou resultados positivos, ainda, no tratamento das dores da neuralgia trigeminal, da ansiedade, do bruxismo, na melhora da qualidade do sono, no controle da dor e infecção após implantes e exodontia do terceiro molar e na evolução da periodontite.
“Sendo assim, o canabidiol é uma opção de tratamento eficaz, que influencia na melhora e na cura de determinadas patologias odontológicas. Acima de tudo, pode restaurar positivamente a qualidade de vida do indivíduo sem as diversas complicações e efeitos colaterais da medicina tradicional”, concluiu.