A causa do desprendimento dos nossos fios é, normalmente, mais difícil de diagnosticar que nos homens, já que há um número maior de possíveis culpados. “A origem pode ser metabólica, hormonal, nutricional e até mesmo um problema reacional a algum evento, além das questões genéticas”, explica o médico especializado em tricologia Valcinir Baldin, presidente da Sociedade Brasileira do Cabelo. Outra dificuldade é que, até recentemente, os tratamentos eram limitados – para se ter uma ideia, o primeiro medicamento tópico só foi aprovado pela Anvisa no final de 2014.
Mas médicos relatam o aumento no número de pacientes mulheres com esse problema. Isso não quer dizer, necessariamente, que a calvície feminina aumentou, mas que estamos mais confortáveis para falar sobre o assunto – o que é um grande passo para diminuir o estigma e levar os pesquisadores e mercado cosmético a se concentrarem em soluções. Confira nosso guia com as três causas mais comuns de queda capilar e as melhores soluções para cada uma.
Pós-parto
O que é
Você já ouviu alguma mulher dizer que o seu cabelo estava mais forte e bonito durante a gravidez? Isso não é – desculpe o trocadilho – coisa da cabeça dela. “Durante o período gestacional, os níveis de estrogênio e progesterona mantém-se altos, uma vez que a placenta produz esses hormônios. Eles fortalecem os fios”, explica José Vitor de Oliveira Junior, dermatologista e diretor do departamento de tricologia da Clínica Volpe, em São Paulo. O que acontece logo depois é uma queda desses níveis. “A diminuição acentuada de hormônios acontece cerca de dois a quatro meses após o parto”, diz Claudia Marçal, de Campinas (SP), dermatologista e membro da Academia Americana de Dermatologia. Some a isso as noites mal dormidas, o estresse e todo o gasto calórico e nutricional por conta da amamentação, e o resultado são falhas relevantes no cabelo. Mas não precisa entrar em desespero. Isso é o que médicos chamam de “eflúvio telógeno”, uma perda transitória e não definitiva – diferente da calvície.
Como é
A maioria das mães reclama que o cabelo está mais frágil e rarefeito, chegando até a falhas visíveis, principalmente em cima da testa, fazendo com que a linha do cabelo comece mais para trás. “A preocupação deve acontecer quando o volume capilar diminuir acentuadamente ou a queda persistir por mais de sessenta dias”, diz Claudia.
O que resolve
Tratar precocemente com alimentação e fortalecer o cabelo que permanece. Nos últimos três meses da gestação é interessante iniciar – e continuar até alguns meses após o parto – um acompanhamento nutricional para reposição de nutrientes como ferro, zinco, cobre, selênio, biotina e cisteina, principais responsáveis pela saúde dos fios. “Além dessa suplementação, trate-os com cosméticos ricos em aminoácidos e proteínas, que fortalecem os folículos”, explica Patrícia Hufnagel Toscani, engenheira química de São Paulo.
Produto amigo
Phytocyane Shampooing Traitant Densifiant (R$ 156) e Phytocyane Sérum (R$ 414) é anti-queda, revitalizante e aumenta a densidade dos fios graças à combinação de vitamina B6 (regulador sebáceo), Extrato de quinquina (estimulante e fortificante), Procianidina de uva (poderoso antioxidante) e Ginkgo Biloba (ativador de trocas celulares e microcirculação).
Hormonal
O que é
Você sabe o que o seu cabelo precisa para estar firme e forte? “Para a saúde do folículo, precisam estar em ordem o cortisol, a vitamina D, os hormônios THS, testosterona e os femininos progesterona e estrogênio”, explica José Vitor. Quando eles estão desequilibrados, acontece o eflúvio telógeno, mesmo caso das mulheres no pós-parto. A diferença é que a gravidez é uma explosão hormonal esperada e dá para ser prevista e tratada antes que o problema evolua. Aqui, a causa pode ser diversa. “Alterações na glândula tireóide, deficiência alimentar, quadro de ovários policísticos ou qualquer outra mudança hormonal pode alterar a estrutura e prejudicar a saúde capilar”, explica Claudia. Fator mais comum? Alto nível de cortisol no corpo, que é produzido quando estamos estressadas.
Como é
Geralmente começa com fios quebradiços e fracos, sem grandes falhas, mas pode evoluir. Fique atenta àquele rabo de cavalo que parece ter menos volume e procure um especialista.
O que resolve
O mais importante é descobrir o que causou a alteração e equalizar as taxas hormonais com um acompanhamento médico. Adicione à rotina uma boa dose de exercícios físicos e tenha uma alimentação balanceada, isso já deve resolver metade do problema! “O que não pode faltar é uma reposição dos nutrientes responsáveis pelo equilíbrio”, explica Claudia. Adicione em sua dieta carnes vermelhas, folhas escuras, castanhas, leguminosas, peixes, grãos e ovos. Mas, dependendo do caso, talvez seja importante uma suplementação adicional. Se sua condição apareceu devido a um problema médico (como a síndrome do ovário policístico), converse com um profissional para avaliar se você não precisa repor o hormônio progesterona.
Produto amigo
O Keep Cap, da Buono Vita (R$ 90), é um suplemento antioxidante composto de nutrientes, como vitaminas C e E e colágeno, que agem na regeneração e fortalecimento do cabelo e das unhas, evitando a queda.
Divulgação
Genético
O que é
O equivalente feminino ao padrão masculino de calvície, a alopecia androgenética, é mais comum do que imaginamos – cerca de 40% das mulheres do mundo irão desenvolver o quadro em algum momento da vida. “Ela é resultado da testosterona somada a uma predisposição genética. Ao atingir o couro cabeludo com tendência para a calvície, esse hormônio sofre a ação de uma enzima e é transformada em dihidrotestosterona (DHT), que age no folículo diminuindo progressivamente a produção de fios”, explica Claudia. O mais complicado, nesse tipo de queda capilar, é que o cabelo não volta a crescer. Fique atenta se na sua família existe algum caso de calvície feminina e consulte um médico o quanto antes para evitar.
Como é
A pessoa não costuma notar a queda e sim as falhas aparentes. “Na mulher, é caracterizada por rarefação capilar principalmente na parte superior do couro cabeludo e afinamento da quantidade de fios”, diz Daniel Dziabas, de São Paulo, dermatologista e membro efetivo da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
O que resolve
O primeiro passo é diagnosticar o quanto antes. “A calvície feminina tem cinco graus, começando pelo 1. Caso a paciente não trate, pode progredir até o último”, explica José Vitor. Depois, é importante investir em uma avaliação genética. “Atualmente existe um teste que identifica se a paciente ficará calva ou não”, diz. Após o diagnóstico, o dermatologista indica o tratamento, que visa retardar o quadro, através da aplicação local de ativos restauradores capilares, como o Minoxidil, lasers capilares e principalmente a terapia celular com células tronco. Paralelamente, invista em produtos bloqueadores de queda na rotina diária.