Diagnóstico precoce ajuda no controle da doença e reduz complicações para mãe e bebê
Por Priscila Carvalho, da Agência Einstein
Gestantes têm um risco aumentado de desenvolver diabetes. A culpa é dos hormônios produzidos no período, como o lactoplacentário, secretado pela placenta, que favorecem uma resistência do organismo à insulina — hormônio que ajuda as células a usarem o açúcar (glicose) como fonte de energia.
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A placenta, para garantir que essa glicose também chegue ao bebê em formação, favorece a resistência à insulina, fazendo com que o pâncreas da mãe produza mais deste hormônio. Embora não sejam todas as mulheres que vão desenvolver a doença durante a gravidez, o diabetes gestacional é identificado em 7,6% delas, segundo dados de prevalência da doença no Sistema Único de Saúde (SUS).
Mulheres com sobrepeso ou obesidade e em uma gestação considerada “tardia” devem ficar mais atentas, já que se encaixam em um grupo de risco para a condição.
Como descobrir o diabetes gestacional
Para identificar a doença precocemente e manter o controle, as gestantes devem testar a glicemia (açúcar em circulação no sangue) em jejum no primeiro trimestre, e também ao longo do período.
Os valores de referência para as grávidas são diferentes dos tradicionais. No exame da glicemia em jejum, por exemplo, até 92 mg/dL é considerado normal em uma gestante. De 93 mg/dL a 126 mg/dL indica uma possível diabetes gestacional.
Acima de 126 mg/dL, provavelmente a doença se desenvolveu antes do período, segundo Bruna Cavalcante, ginecologista pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e especialista em reprodução assistida pelo Hospital das Clínicas de São Paulo. “Se no primeiro trimestre está acima de 126, já é considerada uma diabete mellitus prévia, que é diferente da gestacional”, detalha.
Ainda que o primeiro exame tenha apresentado resultados normais, é importante que a gestante avalie novamente na 24ª e na 28ª semana. Nesses casos, recomenda-se o teste de tolerância oral à glicose, também chamado de curva glicêmica, que mede os níveis de açúcar estando em jejum ou não.
Diabetes após a gestação
A tendência é que, passada a gestação, o diabetes também desapareça, mas uma parte das mulheres pode manter o quadro, segundo explica Andressa Heimbecher, endocrinologista membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e doutora pela USP.
“Nem toda gestante com diabetes gestacional vai se tornar diabética após a gestação, porém 25% das pacientes nessa condição continuam com intolerância glicêmica. Para saber como irão ficar os controles de glicose, é essencial fazer o acompanhamento no pós-parto”, ressalta.
Sintomas de alerta
Além dos exames, alguns sintomas devem chamar atenção da gestante para o diagnóstico de diabetes. São eles:
• Aumento na sensação de sede;
• Muita vontade de urinar;
• Cansaço;
• Visão turva;
• Infecções urinárias frequentes.
Riscos ao bebê e para mãe
Se receber grandes quantidades de glicose, o bebê pode nascer muito acima do peso, o que aumenta o risco de complicações no parto, além do surgimento de hipoglicemia neonatal e do desenvolvimento de obesidade na idade adulta. A doença pode provocar ainda um parto prematuro e icterícia (pele amarelada) no bebê.
Para gestante, uma vez feito o diagnóstico, há um risco maior de também desenvolver a doença nas próximas gestações e de que a condição evolua para diabetes tipo 2 nos anos seguintes.
Tratamento e prevenção
A principal medida para tratar, e prevenir, o diabetes gestacional é mudar os hábitos de alimentação e exercícios físicos. “Na medida em que a gestação permitir, a atividade física deve ser estimulada, pois é importante para regular os níveis de açúcar no sangue. As gestantes que não apresentam controle adequado da glicemia com dieta e atividade física necessitarão receber insulina, que é segura e oferece bom resultado no controle”, explica a endocrinologista Andressa Heimbecher.
Medicamentos que controlem a glicemia, como a metformina, podem ser usados, especialmente se a paciente já tiver o diagnóstico de diabetes antes de descoberta a gravidez. Mas não se trata da primeira escolha de tratamento.
(Fonte: Agência Einstein)
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