Conhecido internacionalmente como mês do orgulho LGBTQIAP+, junho é um período de constantes celebrações dessa comunidade. Com isso, ressalta-se também a importância da atuação de pessoas heterossexuais como aliadas do movimento. Mas o que isso quer dizer?
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Não, você não precisa fazer parte da comunidade LGBTQIAP+ para ser uma aliada. No entanto, é importante que você entenda as responsabilidades desse papel, afinal, ser uma aliada é algo que vai além do mês de junho. Entenda com informações da “Slice”.
11 dicas para ser uma aliada do movimento LGBTQIAP+
1 — Saiba que não é sobre você
“Os aliados não capacitam as pessoas — eles apoiam a mudança e o espaço para que as pessoas e as comunidades se empoderem. Nenhum deste trabalho é sobre o aliado, é sobre descentralizar aqueles que são aliados e entender que comunidades e indivíduos têm poder e voz. Aliados e mais pessoas só precisam começar a ouvir, cuidar e agir de acordo com o que essas vozes estão dizendo”, explica Jacq Hixson-Vulpe, porta-voz de projetos especiais da instituição de caridade canadense The 519.
Pergunte-se, também, por que você quer ser uma aliada. “Muitos de nós queremos provar que somos bons aliados, para demonstrar como estamos acordados e como as pessoas podem se sentir seguras ao nosso redor. Isso geralmente é alcançado por meio de pequenas ações contínuas que podem passar despercebidas, mas acredite em mim, elas são notadas”, garante.
2 — Utilize linguagem e respostas apropriadas
Assim como conversas sobre qualquer assunto, utilizar a linguagem adequada e ter compreensão genuína de situações é essencial.
“Um ótimo ponto de partida é pensar em como neutralizar nossa linguagem e nossas respostas. Tanto nossa linguagem quanto como reagimos fisicamente às coisas, como levantar a voz com surpresa ou choque e dizer às pessoas o que esperamos delas — [isso] diz que já presumimos algo sobre elas”, continua Jacq.
“Neutralizar nossa linguagem para evitar suposições de gênero é um passo pequeno, mas incrivelmente significativo. Isso mostra às pessoas ao nosso redor que estamos abertos a entender as experiências das pessoas sem presumir nada, e é uma ótima maneira de mostrar silenciosamente às pessoas que podem ser homofóbicas, bifóbicas ou transfóbicas que não vamos participar”, explica.
3 — Aplique a linguagem neutra corretamente
Ao conversar com alguém, você naturalmente está sempre atenta à forma correta de dirigir-se a ela. Com membros da comunidade LGBTQIAP+, isso não deve ser diferente.
Ao conhecer ou referir-se a alguém, Jacq recomenda que se utilize termos como “cônjuge”, “familiar”, “parente”, “colega” ou “estudante” ao invés de variantes que impliquem gênero, além de “apresentar seus pronomes e usar pronomes neutros até aprender seus pronomes [da outra pessoa]”.
E ainda pontua: “Não se coíba de perguntar a alguém seus pronomes em vez de presumi-los.” A regra geral sugerida é não acreditar automaticamente que você sabe qual é o gênero de alguém.
4 — Faça sua própria pesquisa
Ao invés de perguntar às pessoas LGBTQIAP+ sobre as adversidades enfrentadas pela comunidade, pesquise você mesma. “Existem muitos recursos online onde as pessoas podem se informar sobre estatísticas em torno da comunidade e a discriminação que enfrentamos”, diz Jacq.
“Você também pode contratar especialistas em educação e treinamento para entrar em sua organização para trabalhar como fazer a diferença e criar um local de trabalho autêntico e afirmativo”, sugere. E pontua: “As pessoas não querem ter perguntas invasivas feitas sobre suas vidas — eles só querem ser.”
5 — Frequente eventos específicos da comunidade
A comunidade LGBTQIAP+ promove uma variedade de eventos, mas isso não significa que você deva participar de todos eles — e isso pode nem ser adequado.
“Se você participar de um evento, olhe ao redor. Se você só vê pessoas com privilégios representadas no palco ou na plateia — apenas pessoas brancas, apenas pessoas fisicamente aptas, apenas pessoas cis, apenas pessoas heterossexuais — você provavelmente não quer estar lá”, diz Jacq.
“Não podemos ler as identidades das pessoas apenas olhando para elas. Mas se você olhar ao redor e ver um público muito homogêneo e privilegiado, talvez seja hora de fazer uma pesquisa para entender o evento que você está participando”, reflete.
6 — Saiba quais comportamentos evitar
Como aliada, você pode sentir que precisa provar sua capacidade para a comunidade. Mas, muitas vezes, essas tentativas são mais ofensivas do que úteis.
“Algumas pessoas tendem a tornar a aliança mais performática, mas, na verdade, são as pessoas que estão à margem que estão realmente ouvindo e fazendo o trabalho que poucos querem fazer”, diz Jacq. Ainda, sugere alguns comportamentos-chave que você definitivamente deve evitar, como: tornar-se o centro das atenções, fazer perguntas sobre o corpo, a vida ou as experiências das pessoas (a menos que você as conheça bem ou elas tenham dito que estão abertas a esses tipos de perguntas), bem como agir ou pensar que você sabe mais ou que pode liderar a tarefa de fazer a mudança.
7 — Mantenha a mente aberta para novos aprendizados
Tenha em mente que talvez você não aprenderá tudo imediatamente. Jacq explica: “Abrace desaprender e reaprender, o que envolve aceitar graciosamente quando você está errada e mostrar humildade. Você cometerá muitos erros, e tudo bem. É realmente ótimo, pois significa que você está reaprendendo e começando a entender como o mundo funciona para outras pessoas.”
8 — Saiba a forma correta de estar presente
Jacq destaca que “estar presente significa estar lá em primeiro lugar, e estar lá em primeiro lugar significa pensar se você não tem amigos que são identificados como LGBTQIAP+, por que isso acontece e talvez avaliar se algo em sua vida precisa mudar”.
9 — Mude velhos hábitos
Reconheça que existem comportamentos, linguagem ou pensamentos prováveis do seu passado que você precisará mudar ou melhorar. “Estar lá em primeiro lugar também significa que você fez seu próprio trabalho para reconhecer e pensar sobre as maneiras pelas quais você perpetua a homofobia, bifobia e transfobia — todos nós fazemos isso, só temos que desaprender”, diz Jacq.
10 — Eduque-se antes de estar presente
É ótimo que você esteja ansiosa para ser uma aliada, mas prepare-se corretamente. Jacq sugere fazer sua própria pesquisa, explicando que “existem muitos blogs online e canais de vídeo onde as pessoas falam sobre suas experiências, que podem ser ferramentas úteis de aprendizado”.
11 — Confie em outros aliados para aprender
Se você está curiosa sobre como seu papel afeta a comunidade LGBTQIA+, conte com outros aliados que você conhece para entender melhor. “Encontre pessoas que estão fazendo esse trabalho e converse com elas”, diz Jacq.