Você já perdeu um ente querido e teve a sensação de que não iria aguentar de tanta dor? Saiba que existe uma explicação científica para isso. Pesquisadores da Rice University (EUA) descobriram que esse sentimento pode causar uma inflamação que oferece até risco de vida.
Os estudiosos coletaram amostras de sangue de 99 pessoas que haviam perdido seus cônjuges nas últimas duas semanas. Aqueles que tinham dificuldades para seguir em frente, estavam deprimidos e sofrendo por seu ente querido tinham níveis significativamente mais altos de inflamação do corpo do que aqueles que não estavam nas mesmas condições. Em comparação com as pessoas mais compostas, as pessoas em luto tinham 53,4% mais inflamação em seus corpos.
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Chris Fagundes, principal autor e professor assistente de ciências psicológicas nos Estados Unidos, disse que este é o primeiro estudo a mostrar que certos sintomas de luto podem aumentar o risco de mortalidade. “Pesquisas anteriores mostraram que a inflamação contribui para quase todas as doenças na idade adulta”, disse ele ao Daily Mail Online.
Também sabemos que a depressão está ligada a níveis mais altos de inflamação. Aqueles que perdem um cônjuge têm um risco consideravelmente maior de depressão grave. Outros possíveis riscos são ataque cardíaco, acidente vascular cerebral e mortalidade prematura.
“No entanto, este é o primeiro estudo a confirmar que o luto – independentemente dos níveis de sintomas depressivos das pessoas – pode promover a inflamação, que por sua vez pode causar resultados negativos na saúde”, explica ele.
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Este é o segundo estudo de Fagundes para entender como o luto afeta nossa saúde. Sua primeira pesquisa, publicada em maio, mostrou que as viúvas tinham um risco maior de doença cardiovascular e morte prematura. Mas este mais recente apresentou melhor como o luto se manifesta.
“Este trabalho mostra que aqueles que mantêm o luto têm maior risco”, disse o profissional. “Agora que conhecemos essas duas descobertas importantes, podemos projetar intervenções para direcionar esse fator para aqueles que estão em maior risco por meio de abordagens comportamentais ou farmacológicas.”
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O trabalho de Fagundes faz parte de um crescente corpo de pesquisa nesse campo. Uma equipe da University of Glasgow (Reino Unido) acompanhou 4 mil casais e descobriu que os cônjuges tinham cerca de um terço a mais de probabilidade de morrer dentro de seis meses depois de seus parceiros. Já um outro grupo israelense concluiu que esse risco aumentou 50%.
Segundo a American Heart Association, a “síndrome do coração partido” tem vários efeitos negativos. Ela pode causar insuficiência cardíaca grave a curto prazo e até ser fatal. Pessoas com essa condição também podem sentir fortes e repentinas dores no peito, além de outros sintomas causados pela reação do coração a uma onda de hormônios do estresse.