Com a legalização da maconha se espalhando lentamente por alguns países, não há como negar que o estigma em torno desse tema está se dissipando lentamente. Como tal, mais e mais perguntas estão surgindo. E essas perguntas iminentes se aplicam a todos, incluindo as futuras mamães e as novas mamães – principalmente quando se trata de amamentar.
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Afinal, se alguns especialistas agora dizem que é aceitável tomar um copo de vinho ocasional durante e logo após a gravidez, o mesmo vale para fumar maconha durante a amamentação?
Em resumo: não. Os benefícios de amamentar seu bebê são grandes – de acordo com a American Academy of Pediatrics, ele pode proteger contra diarreia infantil, infecções urinárias, infecções do trato respiratório, obesidade e várias doenças como diabetes e linfoma.
A amamentação também pode ajudar as novas mães a voltar ao seu peso pré-gravidez e diminuir o risco de câncer de mama e ovário. Mas quando uma mãe fuma maconha e amamenta, os riscos superam os benefícios.
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É seguro fumar maconha durante a amamentação?
Embora não haja muitos dados para mostrar quantas mães que amamentam fumam maconha, há pesquisas para mostrar que as mulheres grávidas estão fumando maconha em números crescentes. Em uma pesquisa publicada no JAMA, a taxa de mulheres grávidas que fumam maconha aumentou de 2,4 para 3,9% entre 2002 e 2014. É importante observar que os dados se baseavam em mulheres que relatavam seu próprio uso – na realidade, os números podem ser ainda mais altos.
O estudo observa que isso pode ser problemático. Isso porque o uso pré-natal da maconha pode prejudicar o peso ao nascer, o crescimento fetal e o desenvolvimento do cérebro. “Além disso, é provável que essas mulheres continuem seu hábito após a gravidez”, diz Lauren Jansson, médica e professora de pediatria especializada em pesquisas sobre abuso de drogas na Johns Hopkins University School of Medicine (EUA).
Pode haver uma razão “compreensível” para as mulheres grávidas estarem fazendo uso da planta. O The National Institute on Drug Abuse (NIDA) informou que algumas delas usam maconha como forma de combater náuseas relacionadas à gravidez. Como o medicamento geralmente é prescrito para o tratamento de náusea em pacientes com câncer, pode parecer uma maneira segura de se sentir melhor.
De fato, muitos dispensários (lojas) de cannabis nos Estados Unidos estão vendendo maconha para mulheres grávidas para enjôos matinais. Em um estudo no Colorado (onde a maconha recreativa é legalizada), quase 70% dos dispensários disseram a mulheres grávidas que fumar maconha era seguro para o feto.
Outro fator: é menos provável que as mulheres simplesmente adquiram um hábito de maconha recreativa durante a gravidez ou no pós-parto ou fiquem chapadas de uma só vez com o bebê ao lado. Em vez disso, pode haver um problema de dependência em jogo. “Uma em cada cinco mulheres que usam maconha durante a gravidez provavelmente tem transtorno pelo uso de maconha”, acrescenta Jansson. Isso é definido clinicamente como um padrão problemático do uso de maconha, levando a prejuízos ou angústias clinicamente significativas. Isso também pode estar associado a casos mais elevados de problemas psiquiátricos.
Ok, então como fumar maconha na gravidez afeta o desenvolvimento fetal?
Quando se trata de fumar durante a gravidez, existem alguns estudos limitados que analisaram fetos expostos à maconha no útero. De acordo com um estudo publicado na Future Neurol, fumar maconha durante a gravidez levou a efeitos negativos no comportamento infantil. Outra pesquisa descobriu que problemas com coisas como o funcionamento executivo (a capacidade do cérebro de planejar e organizar) podem começar a surgir durante a adolescência.
Além disso, uma meta-análise de 2016 de 24 estudos de mulheres que usavam cannabis durante a gravidez descobriu que seus bebês tinham pesos mais baixos do que aqueles cujas mães não consumiam maconha durante a gravidez e que também tinham maior probabilidade de serem submetidas a tratamento intensivo neonatal, embora outras pesquisas conflitantes não indiquem nenhum problema com o peso relacionado à maconha. Parece que fumar com frequência é o que torna mais provável um baixo peso ao nascer.
Pesquisas adicionais mostram que o uso de maconha durante a gravidez pode aumentar o risco de natimortos. Em 2013, o U.S. Department of Health and Human Services encontrou um risco de 2 a 3 vezes maior de natimortos para mulheres que fumavam maconha durante a gravidez.
Como a maconha afeta o leite materno?
A fumaça da maconha e o tetrahidrocanabinol (THC) – ingrediente da cannabis que ativa os receptores canabinóides no cérebro para produzir efeitos colaterais que alteram a mente da euforia ao pânico – entra na corrente sanguínea da mulher que está amamentando.
Em seguida, ele se concentra no leite materno (o THC adora gordura, algo que o leite materno possui muito). Em 2018, a revista Obstetrics and Gynecology publicou um pequeno estudo com oito mulheres que usavam maconha durante a amamentação e descobriu que os bebês ingerem aproximadamente 2,5% da dose que sua mãe fuma ou come. “E, assim como o THC afeta o seu cérebro, ele também aciona os receptores canabinóides no cérebro de um feto ou bebê, desencadeando muitos efeitos potenciais em seu desenvolvimento”, diz Jansson. Além disso, você não pode “bombear e despejar” o leite depois de fumar, pois a maconha pode permanecer em seu sistema por dias, semanas ou até dois meses (se você é usuária crônica).
Jansson diz que, ao analisar a maconha no leite materno e seu impacto no desenvolvimento do cérebro, pesquisas anteriores a vincularam ao atraso no desenvolvimento motor no primeiro ano de idade, enquanto outras pesquisas não mostram efeitos.
Um aspecto a ter em mente: muitos desses estudos foram realizados na década de 1980 e, hoje, os níveis de THC são muito mais altos na cannabis, aponta uma revisão de pesquisa de 2015 no American Journal of Obstetrics & Gynecology. Isso significa que problemas em potencial podem ser muito piores se você amamentar e usar maconha hoje.
O que você precisa ter em mente sobre fumar maconha durante a amamentação
Embora exista alguma pesquisa conflitante sobre a gravidade dos efeitos de fumar maconha durante a amamentação e na gravidez, “não temos evidências de que coisas boas acontecem, mas sim de coisas ruins”, diz Jansson. “Eu vejo efeitos bastante significativos no desenvolvimento infantil precoce por causa do uso crônico de maconha de uma mãe.”
Devido aos dados limitados, o American College of Obstetricians and Gynecologists desencoraja mulheres grávidas ou que amamentam a usar maconha. O comitê também diz que os ginecologistas e obstetras não devem prescrever maconha medicinal para elas. Se você é usuária atual de maconha medicinal e deseja engravidar, converse com seu médico sobre as alternativas que pode usar durante a gravidez e a lactação.
Culturalmente, o maconha se tornou conhecida como uma droga segura que ajuda você a se acalmar, e muitas mães novas podem recorrer a ela para aliviar o estresse de cuidar de um novo bebê. Mas não é tão simples, especialmente se o uso é crônico. “As pessoas não percebem que é um distúrbio de uso de substâncias. Há tratamento para isso. Se estiver com dificuldades para parar durante a gravidez ou a amamentação, procure ajuda ”, diz ela. “Há mães que dizem em entrevistas que a maconha as torna uma mãe melhor. Ninguém é uma mãe melhor com um uso crônico”, diz Jansson. “Você está sujeita a consequências significativas.” Então, a conclusão é que: não, não é seguro fumar maconha durante a amamentação!