É difícil entender o que alimenta o machismo. Basicamente nada pode justificar o fato de que as mulheres em pleno 2020 são tratadas por alguns de maneira inferior a homens, seja através de abuso de poder, violência contra o gênero ou mesmo menos ganho salarial – segundo o relatório Mulheres no Trabalho: Tendências 2016, divulgado em março desse ano pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), as mulheres ganham 77% do salário que os homens recebem para executar o mesmo tipo de função. Mas um novo estudo oferece uma visão interessante sobre a psique do homem sexista, levantando a possibilidade de que machistas têm maior predisposição a problemas psicológicos.
A pesquisa, publicada no periódico americano Journal of Counseling Psychology, descobriu que homens que veem a si mesmos como “playboys” ou que sentem que têm poder sobre as mulheres são mais propensos a terem problemas psicológicos do que os que não pensam desse jeito. Em outras palavras, machistas têm maior predisposição a problemas psicológicos, como você já suspeitava. Ainda mais assustador que isso, eles têm menos propensão a procurar por ajuda psicológica do que os companheiros mais progressivos.
Para o estudo, cientistas da Universidade de Indiana conduziram uma meta-análise de 78 estudos que envolveram 19.453 pessoas. As pesquisas focaram na relação entre a saúde mental e a conformidade com as normas que são geralmente consideradas pelos especialistas como o que a sociedade considera “masculino”. Entre eles: desejo de vencer, autoconfiança, a vontade de correr riscos, poder sobre as mulheres, busca por status e a necessidade por controle emocional.
Quanto à saúde mental, os pesquisadores analisaram três resultados: saúde mental negativa (como depressão), saúde mental positiva (como satisfação), e a atitude de uma pessoa em relação à busca de ajuda mental.
Em geral, os cientistas descobriram uma relação entre a conformidade às normas “masculinas” e os problemas de saúde mental entre os homens. A maior ligação consistente foi entre aqueles que abraçaram traços e atitudes relativos à autoconfiança, à busca por riscos e pelo comportamento “playboy” e ao poder sobre as mulheres.
No entanto, ainda não está claro se as atitudes sexistas causam uma saúde mental fraca – ou se doenças como depressão contribuem para a formação dessas atitudes. Então, se você conhecer um cara que não consegue lidar com o fato de que você é melhor que ele no boliche, que fica constrangido quando você quer pagar, e parece gostar de ser “o homem da relação”, corra.