A atriz Klara Castanho, de 21 anos, que no último sábado (25), revelou, por meio das redes sociais, que engravidou após ter sido estuprada e entregou a criança para adoção, está vivendo um drama que, infelizmente, muitas mulheres sofrem diarimente.
A IstoÉ Gente conversou com a neuropsicanalista da USP Priscila Gasparini Fernandes, que explicou qual o tratamento psicológico que as mulheres vítima de violência sexual precisam fazer para tentar se recuperar do trauma. Confira!
“O caso de abuso sexual da atriz Klara Castanho pode gerar transtornos mentais como estresse pós-traumático, somatizando depressão, ansiedade e muitas vezes ideação suicida (vontade de morrer). Nestas situações é muito comum a mulher se culpar, é como se o cérebro tentasse negar a vulnerabilidade, é apenas uma defesa mental inconsciente, pois na verdade não seria algo que ela pudesse ter controlado”, começou a psicóloga.
“Nestes casos, orientamos um acompanhamento psicológico para dar um novo significado ao abuso, e as consequências geradas. Necessário também um acompanhamento psiquiátrico, para avaliação e medicação do quadro depressivo e ansioso, onde existe a necessidade de ajudar na produção de neurotransmissores que ficam prejudicados, como a serotonina, a noradrenalina e a endorfina. A família também deve ter acesso a esse tratamento, pois deverão elaborar o trauma, aprender a lidar, e dar suporte emocional a ela”.
“Geralmente, a paciente irá apresentar dificuldades de se socializar, de relaxar, de fazer novos vínculos afetivos, e por isso necessitará de apoio de amigos e familiares. A questão da doação do bebê também é algo a ser trabalhado em terapia. Para que organize mentalmente a decisão tomada, e que lide com isso de uma maneira saudável para sua vida. Não cabe às pessoas julgarem, devem respeitar o trauma, ter empatia e apoiá-la para que consiga prosseguir com sua vida de uma maneira saudável, elaborando tudo o que viveu”, finalizou Priscila Gasparini.