Ao se aproximar do universo da beleza, a empresária Kênia Luciana teve a ideia de criar a Camarot. Trata-se de uma loja de beleza – um mix de serviços como cabeleireiros e manicures, cursos voltados à profissionais da área e vendas de roupas e brincos de pedras nacionais brasileiras – com a primeira unidade inaugurada em 2013, em São Caetano do Sul (SP).
“É diferente de um salão em que a mulher vai apenas se embelezar. Ali, ela pode escolher sua melhor versão”, diz Kenia, que escolheu esse nome justamente pelo conceito de exclusividade que propõe. “A ideia é que a cliente sinta que aquele é o momento dela”.
Outro diferencial do Camarot, que conta com mais de 5 unidades espalhadas pelo país, é a forma personalizada de atendimento, mas que vai além do receber bem: mistura a atmosfera de um salão de bairro, mais aconchegante, onde as pessoas gostam de se reunir para bater papo e tomar um cafezinho ao serviço premium com todos os detalhes do que existe de melhor nesse universo.
“Temos todas as tecnologias e as melhores marcas do mundo, mas sempre com a ideia de trocar experiências e conectar pessoas”, explica Kênia, que agora, sócia do Grupo Camarot – que além das lojas de beleza, oferece barbearias e uma cartela de cursos profissionalizantes desse universo – vai abrir as portas de uma nova unidade na Oscar Freire, a mais importante e badalada rua de compras no bairro nobre dos Jardins, em São Paulo.
“Será um marco de um novo tempo para o Camarot, que vem com muitas transformações. Significa uma vírgula e não um ponto final, nesses tempos de extrema dificuldade, após ficarmos fechados durante seis meses na pandemia e termos perdido uma sócia para a Covid-19”, ressalta.
Visão empreendedora
Nascida em Brasília, Kênia Luciana cresceu em uma família de comerciantes empreendedores. “Meus pais tinham tino para o comércio. Muito articulados, sempre criavam novas possibilidade de negócios, ao mesmo tempo que se preocupavam em gerar emprego e renda para as outras pessoas. Me inspiraram muito e, desde cedo, me fizeram entender que tínhamos que ser facilitadores para a resolução dos problemas, sem jamais depender dos fatores externos para agir”, diz a empresária de 35 anos.
Em 2006, mudou-se para São Paulo. Desenvolveu uma carreira de sucesso dentro de empresas como a franquia de maquiagem Contém 1g e na joalheria de pedras naturais brasileiras Attualità. “Aprendi muito, não só em negócios, mas a fazer outras coisas como produções de moda para revistas como a Vogue e a Elle, e programas de TV como o Hoje em Dia, da Ana Hickmann. Nessa época, comecei a desenhar o conceito e o modelo de negócio do Camarot na minha cabeça”, conta.
Com a veia empreendedora herdada dos pais pulsando mais do que nunca, não demorou muito para Kênia colocar a mão na massa. Pegou um empréstimo bancário, e foi à luta. “Na época, a taxa Selic estava há 14%, pior cenário econômico que poderíamos ter, mas eu acreditei em mim, e com a cara e a coragem, comecei a investir no meu negócio e gerar mais oportunidades de emprego para melhorar a economia do país”.
Um dos objetivos de Kenia era, como seus pais, ajudar a desenvolver pessoas. E com esse pensamento aliado ao conceito de loja de beleza, ela inaugurou a primeira unidade da Camarot no dia 8 de março de 2013, Dia Internacional da Mulher, em São Caetano do Sul. O sucesso foi tanto, que em um ano de operação, Kênia já não dava mais conta da agenda lotada. Tinha que expandir o negócio, aumentar o espaço.
“Apareceu uma oportunidade de comprar um salão há três casas de onde estava instalada. Fechei o negócio, mas levei um golpe de 500 mil reais da antiga proprietária. Mas não desisti: naquele momento percebi que eu tinha que ir além e me dediquei a aprender a fazer todos os procedimentos de beleza que tanto ganharam força no meu negócio. Além da administração, fazia cabelo, unha, sobrancelhas, cílios, e assim, aos poucos consegui me reerguer”.
Além dos novos conhecimentos, Kênia apostou em uma nova estratégia: em 2016, começou a operar seu negócio tendo como base o tripé sócio-investidor, injetando capital; sócio-profissional, vendendo cotas de 5% a 15% entre suas próprias clientes e o Grupo Camarot, à frente de toda a gestão.
“As pessoas foram tomando gosto, até que começamos a vender projetos que eram criados ali na hora, dependendo do desejo do novo sócio. Por exemplo, se a pessoa queria uma loja no Itaim, a gente ia e montava não só a estrutura da nova unidade, mas também profissionais que garantiriam faturamento naquela região”, explica.
Assim, em quatro anos, o grupo já possuía lojas espalhadas pelos melhores pontos de São Paulo como Moema, Vila Olímpia, Itaim Bibi e Vila Leopoldina, além das unidades no Grande ABC, em Santo André, São Bernardo do Campo, e claro, a matriz em São Caetano do Sul.
O impacto da pandemia
Em 2020, veio pandemia do novo coronavírus, e por conta das medidas restritivas e de distanciamento social, Kênia teve que manter todas as lojas do Grupo Camarot fechadas,
“Foram seis meses, algo que impactou demais nosso trabalho. Além da proibição, ainda tivemos a morte da Samanta, uma das sócias, o que gerou um inventário e muito mais problemas ao grupo. Tivemos que nos reinventar”.
Determinada, Kênia fechou algumas operações e mudou o modelo de negócio da empresa, mantendo apenas as lojas em pontos estratégicos da capital paulista e no Grande ABC. Também partiu em busca de aceleradoras e investiu em um diferencial importante para o sucesso do Camarot: a aplicação de cílios, feita com três bases de sustentação, que ela chama de cílios 30 por 30 – aplicados e entrelaçados em 30 minutos e com 30 dias de durabilidade.
“A aplicação rápida vem por uma técnica que eu mesma desenvolvi”, sorri. E foi exatamente em um desses procedimentos que Kênia conheceu Hannah Müller, profissional do mercado financeiro, que trabalhava com aceleradoras de negócios.
“Ela se encantou pelo projeto e ao lado de outro parceiro, o Cris, me ajudaram a reajustar tudo para justamente lançar a unidade da Oscar Freire, que não é apenas um salão de beleza e sim vem com um propósito de estabelecer profissionais da área e jogar luz à essas carreiras de beleza. Nossa ideia é continuar com os serviços e atendimento que fizeram do Camarot um sucesso, mas também valorizar os profissionais da beleza”, afirma a empresária, que já chamou três nomes do mercado para integrar o time: o cabeleireiro internacional Philip Douglas, o visagista Wendell e a extensionista Sônia Osato, que a ensinou a fazer cílios.
“Com essa loja, queremos que as pessoas saibam que mais do que um business, é um lugar de propósito, que vai continuar transformando e impactando positivamente a vida das pessoas e famílias que estão com a gente. Desde as cotas em 2018 até hoje, foram movimentados mais de 10 milhões de reais, e o intuito é crescer cada vez mais, só que com uma diferença de outras empresas: nosso negócio realmente tem muita alma”, finaliza Kênia