Entre os tipos de câncer, o de mama é o mais incidente entre as mulheres no Brasil e no mundo — só em 2020, foram registrados cerca de 2,3 milhões de novos casos, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca) — e, assim como qualquer outro, também pode levar à morte. Apesar da gravidade da doença, a boa notícia é a chance de cura em 95%, quando diagnosticada precocemente, conforme a Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama).
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A mastologista Daniele Duarte destaca que “o câncer de mama é um dos poucos tumores com um esquema de rastreamento bem definido”, que visa diagnosticar a doença de forma localizada, em seu estágio inicial, antes dos sintomas. Assim, o tratamento nessa fase evita que a condição “se espalhe” — principal determinante para a cura.
Medidas de cuidados com a saúde da mulher são essenciais. A principal indicação de Daniele é o acompanhamento ginecológico anual, incluindo a realização da mamografia obrigatória a partir dos 40 anos — inclusive aquelas que têm prótese nos seios ou sem histórico familiar —, conforme orientação da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM).
“A mamografia consiste numa espécie de radiografia da mama. É um exame altamente eficaz em detectar câncer de mama em estágios bem iniciais, antes mesmo da paciente ou do médico detectarem no exame físico. Por isso, ela é superior ao autoexame, já que esse exame realizado pela paciente só permite o diagnóstico de lesões geralmente maiores que 2 centímetros, quando o câncer estiver já em estágio mais avançado”, destaca a médica.
O exame é realizado em duas incidências padrão (crânio-caudal e médio-lateral-oblíqua), suficientes para englobar toda a mama dentro das imagens e detectar alterações, se existentes. Em caso de pacientes com prótese de silicone, algumas incidências adicionais podem ser necessárias, a partir de manobras específicas que permitem que as imagens obtidas mostrem mais nitidamente o tecido mamário.
Como prevenir o câncer de mama
Conforme a profissional, “a ideia da prevenção do câncer de mama é diminuir a chance de haver o desenvolvimento de células malignas”. No entanto, não existe nenhuma medida para zerar esse risco, “nem mesmo se a mulher realizar a retirada bilateral das mamas (mastectomia bilateral)”. Contudo, algumas práticas de rotina saudável podem ajudar a diminuir o risco.
Daniele recomenda a realização de atividade física regular; evitar fumar e consumir bebidas alcoólicas; manter o peso saudável e uma dieta balanceada, rica em vegetais e frutas e pobre em carnes vermelhas.
“Nas mulheres que já foram submetidas a biópsia mamária e que tiveram um resultado prévio de atipia da mama, pode ser indicada medicação bloqueadora hormonal para diminuir o risco em geral por cinco anos, estratégia que chamamos de quimioprevenção”, informa.
Além disso, a prevenção também inclui evitar o avanço do quadro. Por isso, é importante se atentar aos sinais do corpo, como: massa mamária, tipicamente endurecida, pouco móvel ou mesmo aderida ao tórax, com bordas irregulares; secreções; acometimento da pele, com vermelhidão, espessamento ou ulceração; bem como massas palpáveis na região axilar, do mesmo lado da mama comprometida.
“Em raros casos, os sintomas podem ser devido à presença de metástases”, que costuma acometer os ossos, fígado e pulmões. Portanto, “quadros de dores no andar superior do abdome, náuseas e vômitos, dificuldades de alimentação, icterícia (coloração amarelada da pele), falta de ar, tosse, dores ósseas e fraturas com pequenos traumas ou mesmo espontâneas podem ser sinais de câncer de mama”, alerta a médica.
Vale ressaltar que o autoexame também é importante — mas não substitui as demais medidas. Para realizá-lo é essencial praticar o conhecimento de seu corpo, observando-o no espelho e se tocando, para se atentar a quaisquer alterações.