Com o fim do ano se aproximando, é normal olhar para aquela lista de resoluções que fazemos em janeiro. Nela, perder peso e parar de fumar são algumas das mais citadas, mas nem sempre as mais cumpridas.
Na coluna desta quinzena vou ajudar você a entender melhor a adicção ao cigarro e mostrar como você pode usar estes (quase) 90 últimos dias de 2020 para começar 2021 mais segura para cumprir esta meta.
Direto ao ponto – e aos números!
Parar de fumar é uma decisão que 70% dos fumantes tomarão na vida, mas apenas 5% deles serão bem-sucedidos sem ajuda de profissionais.
O tabagismo é considerado uma doença crônica e responsável pelo aparecimento de aproximadamente 50 outras doenças, incluindo o câncer. Dados da Organização Mundial de Saúde apontam que cerca de 10 mil pessoas no mundo todo morrem por dia em decorrência do cigarro, produto que contém mais de 4.720 substância tóxicas sendo 70, ao menos, cancerígenas.
Se antigamente o cigarro era sinônimo de glamour – Marilyn Monroe e James Dean ajudaram nesta campanha –, hoje ele perdeu este status. Isso,é claro, especialmente depois da lei que proíbe o fumo em ambientes fechados. Hoje, quem fuma precisa se distanciar de seu grupo em um restaurante ou num bar e, com isso, se desvincula momentaneamente da roda de conversa entre amigos. Há pessoas que escolhem o isolamento social em função do tabagismo. Sim, elas preferem ficar em casa a sair e precisar se afastar do grupo para poder acender um cigarro.
Um passo por vez?
A primeira – e talvez mais difícil – decisão a ser tomada é “separar-se” do cigarro. Estudos dizem que quem decide parar de fumar pode tentar entre 6 e 8 vezes antes de conseguir. A recaída faz parte do processo, sendo muito comum. Não se culpe nem desista.
Decisão tomada, busque ajuda de um profissional e, juntos, escolham uma data para o início do processo. Neste momento você tem duas opções: parar bruscamente (jogar os maços de cigarro fora agora) ou parar gradativamente. Essa última requer disciplina, uma vez que você determinará o número de cigarros que pode fumar ao dia e ao longo de uma quinzena diminuirá esse número até chegar a zero. O seu médico é o profissional que fará a avaliação e prescreverá o tratamento pra você.
A medicação é uma grande aliada em casos mais severos e ajudará a controlar os sintomas da abstinência, a irritabilidade, a ansiedade e o ganho de peso – esta sempre uma grande preocupação aos que estão tentando abandonar o cigarro. Para gestantes, adolescentes e pessoas que fumam até dez cigarros por dia a medicação não é o tratamento mais indicado. Portanto, de novo: converse com o seu médico se você se encaixa nos grupos citados.
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Além da medicação – que pode ou não ser prescrita –, algumas mudanças no estilo de vida e hábitos ajudam a melhorar seu comportamento, o que facilitará o processo. Beber água gelada ao acordar, substituir o prazer (mascar chicletes sem açúcar, canela em pau ou cristais de gengibre são excelentes pedidas), ligar para um amigo para conversar, praticar uma atividade física e evitar o cafézinho depois do almoço são algumas mudanças que você precisa fazer se quer optar por uma vida mais saudável e aumentar a sua longevidade.
O processo de limpeza do organismo não é fácil, mas ele agradecerá ao vencer essa caminhada. A pele ficará mais bonita, os dentes mais brancos, a ansiedade mais controlada e você será menos vulnerável à depressão. Além disso, sua imunidade estará mais alta e seu coração mais protegido contra doenças cardíacas.
Não desista das suas resoluções de janeiro. Se anime. A caminhada para um 2019 sem cigarro começa agora. Eu acredito em você.
Um abraço e até a próxima,
Dra. Ana Paula Carvalho.
*Ana Paula Carvalho é Médica Psiquiatra, Mestre em Psiquiatria pela Escola Paulista de Medicina, sendo a primeira psiquiatra brasileira com certificação internacional em Medicina do Estilo de Vida pelo International Board of Lifestyle Medicine (Board Certified Lifestyle Medicine Physician).