Pesquisa mostrou que, além dos hábitos de vida, eventos independentes também podem aumentar o risco do Acidente Vascular Cerebral
Por Isabella Sanches, da Agência Einstein
Momentos de raiva, tristeza ou de exaustão física podem ser gatilhos para desencadear um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Essa é a conclusão de um estudo global, feito com dados de indivíduos de 32 países, incluindo o Brasil. Os resultados foram publicados no periódico científico European Heart Journal.
Chamado de INTERSTROKE, o estudo analisou as informações de saúde de 13.462 pessoas que passaram por um AVC. A cada 11 participantes, um relatou ter experimentado sentimentos de raiva ou tristeza cerca de uma hora antes da ocorrência do evento neurológico. Ainda, um em cada 20 disse ter praticado algum tipo de esforço pesado, provocando uma exaustão física, no mesmo intervalo de tempo.
De acordo com Letícia Costa Rebello, neurologista especialista em neurologia vascular da Sociedade Brasileira de Neurologia (SBN), o estudo precisa ser encarado com ressalvas, já que não estabelece uma relação de causa direta entre o estresse/exaustão física e o risco de sofrer um AVC. Isso significa que esses eventos – isolados – não devem ser vistos como os únicos culpados.
“O que sabemos hoje é que os fatores de risco para o problema, como a hipertensão arterial, diabetes, obesidade, colesterol alto, tabagismo, arritmias cardíacas e sedentarismo, são responsáveis por 90% dos casos de AVC e devem ser controlados para evitar o problema”, afirma a especialista.
No caso de pessoas que possuem uma ou mais comorbidades — e ainda enfrentam uma alta carga de estresse ou problemas psiquiátricos — devem buscar tratamento para reduzir o impacto disso na saúde. “A ideia é trabalhar as duas frentes de forma conjunta”, avalia.
Na conclusão do estudo, os pesquisadores destacam que os pacientes que experimentaram os momentos de raiva ou tristeza antes do AVC também eram mais propensos a terem um histórico de outras doenças, como hipertensão e diabetes. Eram, também, ainda menos propensos a usarem medicações para o controle dos problemas cardiovasculares. Nos casos do AVC ocorrido após esforço exaustivo, a maioria dos participantes era formada por homens jovens e não diabéticos, porém fumantes.
Causas controláveis
A maioria dos casos de AVC pode ser evitada ao controlar alguns fatores de risco, como obesidade, hipertensão, diabetes, colesterol alto, sedentarismo, altos níveis de estresse constante, tabagismo e o uso de outras drogas.
No entanto, há fatores sobre os quais não se pode controlar, como a idade (o problema é mais comum em idosos), o gênero (acomete mais homens) e até mesmo a genética de cada pessoa.
Por isso os especialistas reforçam a importância em manter os cuidados com a saúde e, em caso de diagnóstico de algum dos fatores de risco modificáveis, buscar tratamento adequado para reduzir as chances de apresentar um evento do tipo.
Quais são os sinais clássicos de um AVC?
O AVC pode ser dividido em dois tipos:
• Acidente vascular cerebral isquêmico: quando há falta de sangue em determinada área do cérebro causada por uma obstrução arterial;
• Acidente vascular cerebral hemorrágico: quando um vaso sanguíneo no cérebro se rompe, provocando sangramento.
Os principais sintomas são:
• Fraqueza de um lado do corpo;
• Alteração ou perda de visão;
• Dificuldade para falar e entender o que as pessoas falam;
• Boca torta, perda de força de um lado;
• Desequilíbrio e tontura;
• Dores de cabeça forte e persistentes;
• Dificuldade para engolir.
Rebello reforça que os sintomas surgem de forma súbita, sem aviso. Em caso de suspeita, o indivíduo deve buscar ajuda médica o mais rápido possível. Quanto antes o atendimento for feito, maiores as chances de um desfecho positivo e com menos sequelas.
(Fonte: Agência Einstein)
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