A máxima “você é o que come” nunca fez tanto sentido para a psiquiatria, especialmente depois que começamos a falar em Nutrição Psiquiátrica. Esta área, relativamente nova, trouxe uma nova perspectiva para nós, médicos e para o público geral, vocês.
Existem vários estudos que comprovam a relação entre a alimentação e a depressão, mas deixo a parte acadêmica aos meus colegas médicos. Dividirei com vocês o que aprendi e que pode ser seguido por todos: eu, você, seus amigos, adultos e crianças.
Para começar, te faço algumas perguntas: como são suas refeições? Você come sentado à mesa, prestando atenção ao seu prato ou come em pé? Ou faz a refeição em cinco minutos e já atrasado para o próximo compromisso? Seu prato tem todos os nutrientes de que precisa ou você se priva do consumo de frutas e legumes? Quantas vezes por semana você troca uma refeição pelo junkie food da praça de alimentação do shopping?
Leia mais
Por que não consigo parar de comer?
Qual a influência da prevenção para uma melhor qualidade de vida?
Se você tem o (mau) hábito de comer sem sentar à mesa, sem um prato colorido e balanceado, e frequenta os fast foods das praças de alimentação, cuidado: a sua saúde mental certamente sofrerá as consequências.
Já se sabe que a depressão está relacionada a uma inflamação do organismo e parte desta inflamação vem exatamente do tipo de alimento consumido. Por isso, para te ajudar a atenuar ou até mesmo prevenir a depressão, listo opções práticas que te ajudarão no dia-a-dia.
Dicas básicas para se alimentar melhor
– Substitua os industrializados pelos naturais (faça o seu molho de tomate ao invés de comprar os da prateleira);
– Tempere a comida com temperos naturais (alho, cebola sempre in natura);
– Na praça de alimentação do shopping, dê preferência aos restaurantes que sirvam “comida de verdade” e diga não aos lanches;
– Prefira, para os lanchinhos da tarde, oleaginosas (castanhas, nozes e outras sementes);
– Siga a equação de um excelente prato: metade deve ser rico em legumes, frutas e verduras, um quarto deve conter proteína (preferencialmente são sempre uma boa escolha) e um quarto de grãos e carboidratos complexos (arroz e pães integrais, são bons exemplos);
– Prefira cozinhar os alimentos no vapor, para que eles mantenham os nutrientes;
– Evite frituras;
– Tempere a sua salada com azeite, limão e mostarda ao invés dos temperos prontos.
Os microrganismos presentes em nosso intestino (bactérias e fungos) são os responsáveis pelo cuidado de nosso sistema imunológico. Uma microbiota saudável é oriunda de uma alimentação balanceada, enquanto que uma alimentação inadequada implica na morte destes microrganismos. E, adivinhe: é exatamente a microbiota que pode prevenir, controlar ou aumentar as chances de desenvolver a depressão e outras doenças psiquiátricas.
Comece a mudança aos poucos. Note a diferença e conte pra gente pelo e-mail redacao@revistawh.com.br o que você está fazendo pela saúde de seu cérebro!
Um abraço e até a próxima,
Dra. Ana Paula Carvalho
*Ana Paula Carvalho é Médica Psiquiatra, Mestre em Psiquiatria pela Escola Paulista de Medicina, sendo a primeira psiquiatra brasileira com certificação internacional em Medicina do Estilo de Vida pelo International Board of Lifestyle Medicine (Board Certified Lifestyle Medicine Physician).