A tuberculose (TB) é um dos principais problemas de saúde pública mundial. Segundo o Boletim Epidemiológico de 2021 do Ministério da Saúde, “o Brasil continua entre os 30 países de alta carga para a doença e para coinfecção TB-HIV, sendo, portanto, considerado prioritário para o controle da doença no mundo pela Organização Mundial de Saúde (OMS)”. Para conscientizar sobre o tema, nesta quinta-feira (24) é celebrado o Dia Mundial da Tuberculose.
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A tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível de um indivíduo doente para outro sadio, causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, conforme explica Alexandre Cardoso, pneumologista do Hospital São Lucas Copacabana (RJ).
A doença, que pode ser fatal — causa de 1,2 milhão de mortes no mundo em 2019 — afeta prioritariamente os pulmões (forma pulmonar, a mais comum), embora possa acometer outros órgãos e/ou sistemas, como descreve o Ministério da Saúde. “Uma vez que entra no organismo, a bactéria pode circular e a pessoa pode ter tuberculose meníngea, óssea, pleural, renal”, acrescenta o médico.
De acordo com o especialista, a tuberculose pulmonar varia sua gravidade e pode ser isolada (em apenas um dos pulmões) ou bilateral (nos dois pulmões). “É uma doença sorrateira, com sintomas que se confundem com coisas mais leves, e tem evolução progressiva.”
Contágio e vulnerabilidade
Qualquer um pode ser contagiado pela doença não sazonal, para isso basta ter contato com alguém que esteja com tuberculose ativa.
Em caso de diagnóstico positivo, Cardoso indica comunicar as últimas pessoas com quem se teve contato — que também devem procurar atendimento médico para evitar a forma grave da doença e maior índice de transmissão.
Algumas condições podem contribuir para vulnerabilidade da tuberculose, predispondo as formas mais graves da doença. “As pessoas que, por exemplo, têm imunossupressão ou estão tomando remédios para tratamento de câncer, são HIV positivas com imunodeficiência, são mais vulneráveis”, destaca o pneumologista, que ainda acrescenta ao grupo de risco alcoólatras, população de rua e carcerária.
Sintomas e tratamento
Além da tosse longa (três semanas ou mais), os sintomas da tuberculose podem incluir febre vespertina, sudorese noturna e emagrecimento. Ao notar um desses sinais é imprescindível consultar um médico imediatamente e realizar exames — escarro ou radiografia de tórax — para o diagnóstico preciso.
A partir do diagnóstico positivo, o comprometimento com o tratamento sob prescrição médica é essencial para a cura, que acontece em mais de 95% dos casos, segundo Alexandre Cardoso.
O tratamento contra tuberculose é realizado por quatro medicamentos — rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol — em uma única cápsula, disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS). A administração deve feita rigorosamente por pelo menos seis meses, conforme orientação médica.
“Quando a pessoa começa se sentir melhor é comum acabar abandonando o tratamento, mas esta é uma chance que não pode ser desperdiçada. Deve seguir a orientação médica e tomar o remédio da forma recomendada. Até o termino do tratamento deve evitar o consumo de álcool e tabaco”, destaca Cardoso.
Após o primeiro mês de tratamento (quando realizado adequadamente), o paciente deixa de ser um transmissor da doença, mas o período deve ser confirmado a partir de novos exames e acompanhamento médico, sem excluir o protocolo nos meses seguintes.
Prevenção
Com base em informações do Mistério da Saúde, o método mais eficaz de prevenção contra a doença no Brasil é a vacina BCG (bacilo Calmette-Guérin). Ofertado gratuitamente no SUS, o imunizante protege das formas mais graves da doença, como a tuberculose miliar e a tuberculose meníngea. Recomenda-se a administração em crianças ao nascer ou, no máximo, até os quatro anos, 11 meses e 29 dias.
Pessoas não vacinadas com a BCG estão mais suscetíveis ao contágio. “Devemos proteger as nossas crianças pelo menos contra as formas graves. As pessoas vacinadas tendem a ter formas mais brandas quando adquirem a doença”, pondera o especialista.
Outra forma de prevenção indicada pelo Mistério da Saúde é o controle de infecção, a partir de medidas como evitar aglomerações e ambientes não ventilados e sem entrada de luz solar e cobrir a boca com o antebraço ou com um lenço ao tossir e espirrar.