A vaporização vaginal tem dado o que falar no mundo todo após ser divulgada pela atriz americana Gwyneth Paltrow em seu site de estilo de vida. Mas do que se trata essa técnica?
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O procedimento consiste em sentar-se sobre um recipiente com água quente misturada com ervas aromáticas. Assim, a região genital recebe uma espécie de “banho de vapor”.
Acredita-se que os benefícios são as propriedades desintoxicantes, de tonificação, limpeza do útero e reequilíbrio hormonal para a vagina. Contudo, profissionais da saúde afirmam que ainda não existe nenhuma comprovação cientifica de que a prática seja realmente eficaz.
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“Não há evidências que demonstrem que as vaporizações vaginais tenham algum benefício”, aponta Virginia Beckett, médica do Royal College de Obstetras e Ginecologistas (RCOG), do Reino Unido, em entrevista à BBC. “A vagina e o útero se mantém limpos sozinhos”, completa Suzy Elneil, médica especialista de urinoginecologia do hospital do University College, em Londres, Inglaterra.
Acontece que a vagina possui naturalmente algumas bactérias benéficas e essenciais para seu bom funcionamento. Com a vaporização, todas elas são levadas embora do organismo. “Eu não consigo pensar em nenhuma circunstância em que inserir água em qualquer estado na vagina seja positivo, porque ela simplesmente leva tudo embora – incluindo as boas bactérias”, explica Ronnie Lamont, professor do RCOG.
Outra questão que gera dúvidas nos especialistas é a da tonificação da vagina, ou seja, seu fortalecimento. “A tonificação vem dos músculos”, justifica Virginia.
Além disso, ainda há o risco de esquentar a vagina. Sua temperatura normal é de 37º (a mesma do restante do corpo), que é perfeita para seu funcionamento saudável. Esquentá-la, contudo, pode aumentar o risco de proliferação de bactérias “ruins” e fungos, como os que causam a candidíase.
Então como as mulheres relatam os benefícios da vaporização vaginal?
Os especialistas apontam o efeito placebo como explicação para os relatos de mulheres que afirmam ter se beneficiado com a prática. Ele acontece quando a pessoa usa um remédio ou faz alguma terapia que é inerte – sem que ela o saiba – e que apresenta resultados graças à crença do paciente de que ele está sendo tratado.
Segundo os profissionais, este é um efeito psicológico real e muito comum. Ele é, inclusive, usado em testes que avaliam a eficácia de tratamentos. Nestes casos, o remédio precisa ter um efeito maior do que o de um placebo.
Claire Stone, britânica adepta da vaporização vaginal há oito anos e que oferece a técnica em seu spa no Reino Unido, acredita que esse não seja um motivo para que o procedimento não seja feito. “Mesmo que seja só um placebo, se funciona, por que não?”, questiona, em entrevista à BBC.