Situação ocorre quando o corpo reage de forma positiva a uma substância que não tem um benefício real sobre a doença. Mas atenção: não como um medicamento de verdade
Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein
Sabe aquele copo de água com açúcar que as vovós receitam para ajudar a acalmar? Se a pessoa acreditar nisso, ele de fato pode trazer algum alívio. Mas, muito além de qualquer influência da glicose no cérebro, o que está em ação aqui nada mais é do que o famoso efeito placebo – quando o organismo reage de forma positiva a alguma substância que não tem um benefício real sobre a doença.
Esse termo, emprestado das pesquisas científicas, é um velho conhecido dos estudiosos desde que foi descrito no século 19. “Ele mostra a ligação corpo e mente”, explica a médica Patrícia Guimarães, pesquisadora do Academic Research Organization, do Hospital Israelita Albert Einstein.
De tão poderoso, é usado tradicionalmente pelos cientistas para avaliar o funcionamento de novas drogas. Em uma pesquisa clássica, por exemplo, costuma-se comparar dois grupos de pacientes, um tratado com o medicamento em teste e o outro, com pílulas que não contém o remédio. Para passar na prova, o candidato a novo remédio deve agir bem melhor do que o placebo, que também vai ter alguma influência no grupo que fez uso dele. “É normal que uma boa parte dos voluntários de uma pesquisa relatem alguma melhora”, diz Patrícia.
E isso se aplica especialmente a sintomas subjetivos como cansaço, náusea ou ansiedade. No entanto, nesses estudos há uma grande ressalva ética: para não colocar a saúde de ninguém em risco, não se usa placebo em portadores de doenças que precisam tomar um remédio de verdade para controlar o problema. Nesses casos, se compara a substância em teste com medicamentos padrão.
Embora o efeito placebo não seja totalmente esclarecido, o mais intrigante é que a mistura inócua realmente é capaz de provocar mudanças no organismo, e não só psicológicas. “Pode haver alterações na pressão arterial, nos batimentos cardíacos”, exemplifica Patrícia. Há casos de modificações no cérebro observáveis em exames como a ressonância magnética. Isso porque a simples expectativa de que a pessoa está tratando uma doença faz o organismo ativar caminhos que trazem bem-estar. Daí que o copinho açucarado realmente pode dar algum sossego a quem acredita nele.
Por outro lado, embora de certa forma engane o organismo, o placebo acaba tendo um efeito positivo indireto na saúde. “É muito comum que esses pacientes, só pelo fato de se sentirem cuidados, passem a adotar bons hábitos, como uma alimentação mais saudável e uma rotina de atividade física”, observa Patrícia. E isso traz um ganho bem real para o indivíduo.
Portanto, ao tratar uma doença, siga sempre o que a Ciência já testou e aprovou. Mas somar ao tratamento uma boa dose de atitude positiva só ajuda. E isso a Ciência também garante.
Fonte: Agência Einstein
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