O consumo de álcool no Brasil está aumentando entre o público feminino. Segundo dados do IBGE, 17% das mulheres adultas afirmaram ter bebido uma vez por semana ou mais em 2019 — índice 4,1 pontos percentuais maior do que em 2013 (12,9%). E quanto maior a renda, maior a proporção de pessoas que consomem bebidas alcoólicas.
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De acordo com o portal PEBMED, a pandemia impulsionou a popularidade da substância. Uma pesquisa publicada na revista Epidemiologia e Serviços de Saúde observou que 17% dos entrevistados relataram ter aumentado seu consumo de álcool no período, com as maiores taxas entre pessoas de 30 a 39 anos. E apesar de ele ser utilizado, com frequência, como um modo de fuga da realidade, sua abstinência no corpo pode trazer incríveis benefícios.
Sarah Rusbatch é uma coach de sobriedade e fundadora da primeira loja de drinks sem álcool de Perth, na Austrália. À “Women’s Health”, de onde são as informações a seguir, ela relatou sua experiência de 1000 dias sem ingerir bebidas alcoólicas.
A motivação de Sarah
“O álcool começou como um convidado especial na minha vida, mas logo se tornou um hábito regular”, relata. “Aos 43, eu estava cansada e insatisfeita, minhas ressacas duravam mais, o impacto na minha saúde mental era óbvio e eu estava tendo apagões frequentes.”
A empresária conta, ainda, que em sua batalha interna contra a bebida, ela estava sempre criando e quebrando as próprias regras. “Tive uma sensação profunda e inquietante de que a vida estava passando por mim. Eu não estava feliz a menos que estivesse bebendo”, diz ela, contextualizando a dificuldade em parar de consumir álcool.
Sarah afirma que a sobriedade a ajudou a ter clareza mental, confiança e energia para sair de um emprego que odiava, além de aprender a lidar com as próprias emoções. A seguir, confira suas principais considerações durante o período.
Estamos condicionados a acreditar que é preciso ser alcoólatra para parar de beber
“A cultura e a sociedade desempenham um papel importante nisso. Mas, na verdade, trata-se apenas de se perguntar ‘O álcool serve para mim?’ ou ‘Gosto de quem sou quando bebo ou no dia seguinte?’”, questiona Sarah. “Se a resposta for não, então não há problema em parar.” Ela explica que, socialmente, pessoas são condicionadas a acreditar que precisam da bebida para se divertir e criar conexões.
O álcool deixa nosso mundo pequeno
“Quando ficamos presos a velhos hábitos e comportamentos que achamos impossíveis de mudar, nada muda. É um ciclo vicioso; fazemos as mesmas coisas, por mais infelizes que sejamos, porque nos falta motivação, clareza e confiança para mudá-las”, declara a empresária.
Tentar se curar enquanto ainda bebe é como tentar curar um tornozelo quebrado enquanto ainda corre todos os dias
“Não podemos nos curar quando estamos bêbados, de ressaca ou ambos. Surpreende-me quantos dos meus clientes estão tomando medicamentos para problemas de saúde mental, mas seu profissional de saúde nunca questionou seu consumo de álcool”, revela. “Você não precisa beber duas garrafas de vinho por noite para que isso afete seu humor ou ansiedade.”
Pessoas encaram parar de beber como algo que elas estão abrindo mão, sem enxergar os benefícios
Sarah revela que, no primeiro dia de seu programa de sobriedade, sempre sugere que seus clientes sejam claros sobre o que estão ganhando, pois isso é o começo de uma mudança de mentalidade.
“Escolher não beber para mim foi um movimento deliberado em direção à pessoa que eu queria ser, e a visão desse futuro me ajudou a me manter motivada. Não sou a pessoa que costumava ser e estou feliz porque minha decisão de parar com o álcool ainda é a melhor decisão que já tomei. Estou mais forte a cada dia e já estou ansiosa para o próximo marco”, finaliza.