Esquecer-se de acontecimentos recentes, contar as mesmas histórias repetidamente, ter dificuldade de localização espacial e descontrole financeiro… Todos esses são sintomas clássicos da Doença de Alzheimer, que acontece comumente com idosos a partir de 65 anos, mas também pode acometer pessoas mais jovens.
Um dos mais conhecidos tipos de demência neurodegenerativa, o Alzheimer é um processo contínuo e progressivo que, até o momento, não possui tratamento para desaceleração ou cura. No entanto, hábitos de estilo de vida podem prevenir seu desenvolvimento, e a ciência tem apresentado resultados otimistas acerca dos tratamentos para o futuro.
Doença de Alzheimer: tudo o que você precisa saber
Sintomas
Em todas as idades, os sinais iniciais da doença costumam se assemelhar. Seus sintomas mais prevalentes são esquecimento — principalmente de fatos recentes, enquanto lembra-se com saudosismo da juventude —, repetição de histórias, dificuldade de localização — que faz muitos pacientes se perderem quando estão fora de casa ou esquecer por que saíram — e descontrole financeiro — que pode se manifestar na forma de gorjetas excessivamente generosas, por exemplo.
Além disso, a dificuldade para planejar o futuro e se organizar no dia a dia elenca o quadro de sintomas debilitantes da condição.
É mais comum que a doença se desenvolva a partir dos 65 anos. No entanto, em casos raros, é possível que ela se manifeste antes dos 60, quando é chamada de Alzheimer precoce.
Diagnóstico
Quando tais sintomas são percebidos pelo paciente ou por sua família, deve-se buscar o diagnóstico médico — que é feito de forma majoritariamente clínica, como explica José Leite, médico nuclear do CDPI (Centro de Diagnóstico por Imagem) e da Alta Diagnósticos.
Segundo Marcus Tulius, neurologista do Complexo Hospitalar de Niterói (CHN), alguns testes de rastreio são conduzidos em uma consulta neurológica para avaliação das funções cognitivas, bem como exames complementares de sangue e ressonância magnética do crânio.
No entanto, José explica que a maioria dos exames “visualizam que o paciente possa estar, eventualmente, sofrendo de neurodegeneração”, mas não são exames específicos para Alzheimer, já que opções mais sofisticadas e precisas podem ser mais caras e de difícil acesso.
É o caso do PET Scan com marcadores amiloides, que atesta a presença de placas amiloides (uma das assinaturas biológicas da Doença de Alzheimer) no cérebro dos pacientes. O exame pode custar cerca de R$ 7 mil em laboratórios particulares e ainda não está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS).
Prevenção
De acordo com Marcus, os principais fatores de risco para Doença de Alzheimer incluem:
- Baixa escolaridade;
- Hipertensão arterial;
- Diabetes mal controlado;
- Tabagismo;
- Depressão;
- Alcoolismo;
- Apneia obstrutiva do sono;
- Traumatismo craniano.
“Todos esses fatores, se forem corrigidos e controlados precocemente, podem fazer com que aquele indivíduo envelheça [saudável] e que a chance de ele desenvolver Alzheimer se torne menor”, relata o especialista.
Nesse sentido, ressalta-se a importância de uma dieta balanceada, da prática de exercícios físicos e mentais e dos cuidados com a saúde mental não somente na velhice, mas em toda a vida.
Tratamentos
Até o momento, a Doença de Alzheimer não possui tratamento ou cura. No entanto, José destaca que há uma visão otimista para o futuro: recentemente, testes clínicos bem-sucedidos mostraram a eficácia do Lecanemab, “um anticorpo monoclonal que se liga à placa amiloide”, segundo o médico.
“[A droga] Retira a deposição amiloide do cérebro de pacientes com o Alzheimer em estágio inicial, que começaram a sentir os primeiros sintomas ou estão com déficit cognitivo leve, mas que já têm um diagnóstico feito com o PET amiloide positivo”, relata.
Com essa droga, mostrou-se uma redução significativa no desenvolvimento clínico da doença. No entanto, o estudo preliminar ainda não foi publicado, e sua conclusão está prevista para 2025.
E depois do diagnóstico?
Além dos esquecimentos, que podem ocasionar reações agressivas, os pacientes de Alzheimer eventualmente entram em estado vegetativo, que exige a alimentação por sonda. Condições decorrentes deste estado incluem pneumonia por broncoaspiração, escaras (lesões na pele), infecção urinária, trombose e outras complicações.
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“A Doença de Alzheimer não mata, mas leva a incapacidades dramáticas no final da vida”, destaca Marcus. Com a escassez de tratamentos para a condição, os próximos passos incluem a acessibilidade para o paciente e o preparo emocional e médico da família.